Crescem as oportunidades para mulheres brasileiras em grandes projetos de engenharia no exterior
Quebra do tabu surge em meio à equidade salarial e de gênero ao redor do mundo
A representatividade de mulheres expatriadas ao redor do mundo na década de 1980 não ultrapassava 3% dos gestores internacionais. As vagas estavam disponíveis para homens jovens, nascidos em grandes cidades e com alto status socais. Nos anos 2000, esse percentual subiu para 14%. Mesmo com o reforço da equidade salarial e de gênero, ainda hoje percebe-se a pouca presença das mulheres brasileiras trabalhando em outros países. Desde 2001, a Techint Engenharia e Construção realiza a expatriação de mulheres.
“Atualmente, temos nove mulheres brasileiras expatriadas, o que representa 21% do total brasileiros que trabalham fora do país (quatro vezes mais do que a média de mulheres expatriadas a partir de outros países), tal crescimento se deve às oportunidades que surgem pincipalmente no Chile e México”, diz Lucas Madureira, Supervisor de Recursos Humanos.
Uma dessas mulheres é a engenheira de produção mecânica Marcela Diniz, 36 anos, que ingressou na Techint E&C em 2011. Com quatro anos de casa, a engenheira recebeu a primeira oportunidade de expatriação. Passou um ano em Milão, na Itália, para conhecer mais da multinacional, unificar processos e poder ganhar mais experiência na área que, na época, ainda era Suprimentos.
“Sempre sonhei em morar fora e foi uma baita oportunidade. Eu me adaptei à cultura do país e a experiência foi muito importante para o desenvolvimento da minha carreira”, conta Marcela.
Em 2022, já como responsável da área de Suprimentos no projeto da termelétrica de Parnaíba V, no Maranhão, Marcela teve a segunda oportunidade de expatriação. Havia uma posição de expatriada no México. Era outra grande chance aliada à experiência que já tinha, ter novas perspectivas de crescimento na carreira e na empresa.
Dessa vez o desafio seria maior. Ela estava casada e seu marido, Amarildo da Silva, tinha 14 anos de estabilidade no Brasil. “Conversamos muito e ele me apoiou nessa empreitada, mesmo sem saber da sua possibilidade de recolocação. Ele tinha consciência de que seria um grande crescimento na minha carreira”, conta.
Foi então que ela aceitou o desafio para ser a primeira mulher Project Procurement Manager (PPM) da Techint E&C. Marcela é responsável pela gestão de compra de todos os materiais e equipamentos desde a solicitação do pedido até o encerramento da obra de um gasoduto e uma estação compressora que visa garantir o abastecimento de gás para o sudeste do México, promovendo o desenvolvimento industrial da região.
Mesmo já tendo experimentado a expatriação, Marcela não esconde os percalços de trabalhar fora do país: “O maior aperto é estar longe da família. Sempre que estou fora acontece alguma situação delicada e, mesmo de longe, é preciso administrar. Não estar perto dos meus pais enquanto eles estão envelhecendo é o mais doloroso.”
Mudar para outro país, estar longe da família não são os únicos desafios enfrentados. “Sempre trabalhei quase toda a carreira em ambientes com muito mais homens, o machismo sempre esteve presente de alguma forma, porém é algo que você aprende a lidar. Não dá para esperar que o mundo seja mais igualitário para avançar nas nossas carreiras”, revela Marcela.
O investimento da Techint E&C na diversidade de gênero é fundamental para construção e manutenção da estratégia do negócio. “É justamente o intercâmbio de gêneros e as relações internacionais que ajudam os profissionais com novas ideias, novos métodos de trabalhos e soluções para um resultado mais completo em todas as áreas, além de agregar valores ao público envolvido”, conclui Lucas Madureira.